Serre Chevalier Vallée, a maior estação de esqui dos Alpes do Sul

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Nascer do sol em Monêtier-les-Bains.
Essa foi nossa vista do café da manhã no nosso último dia.
Foto: Daniel Moreira

 

O verão ainda nem tinha terminado direito quando recebemos a lista de viagens de esqui organizadas pela associação de esportes e lazer da empresa onde Bernardo trabalha. A lista continha 4 destinos na neve, e a escolha foi difícil: estadas de 2 ou 3 dias, e uma semana inteira na montanha. Escolhemos voltar à Serre Chevalier, numa viagem com 3 noites de hospedagem na cidade termal de Monêtier-les-Bains, e 3 dias inteiros pra aproveitar a neve.

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A estação de esqui do Vale de Serre Chevalier é o maior domínio esquiável dos Alpes do Sul e um dos maiores da França –  seus 250 quilômetros de pistas se estendem entre as cidades de Monêtier-les-Bains, Chantemerle, Puy Saint Pierre, Puy Saint André, Villeneuve e Briançon. O primeiro teleférico do domínio foi inaugurado em 1941 e era então o mais longo da Europa, transportando os esquiadores da cidade de Chantemerle até o alto da montanha.

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Serre Chevalier não é um destino novo pra mim: em 2011, foi onde esquiei pela primeira vez depois do meu tombo que quase me custou os ligamentos do joelho, e foi onde tive minha primeira aula de esqui. Uma estação de primeiras vezes na minha curta experiência de esqui.

Fui apreensiva, afinal não calçava os esquis desde início de 2012, e sendo bastante medrosa, já imaginava atividades alternativas caso as pistas fossem pouco amigáveis: o kindle estava carregadinho de livros, levei roupa de banho pra aproveitar o spa do hotel e também as piscinas do clube termal da cidade além do que já estava incluso no nosso pacote, e torci pra não precisar recorrer a nenhuma dessas atividades – e não precisei.

Grau de dificuldade das pistas

O grau de dificuldade das pistas é indicado através de cores, verde para iniciantes, azul sendo intermediária, vermelha difícil e a preta mais difícil (ainda não cheguei lá). É muito importante observar os mapas da estação, que ficam em pontos estratégicos no início de pistas, e escolher uma que corresponda a seu nível, além de atentar pra sinalização ao longo da pista – bastões com as cores são colocados nas laterais, o que permite visualizar bem o itinerário mesmo com baixas condições de visibilidade.
Se as condições climáticas ficam complicadas, as pistas são fechadas e sinalização de aviso é colocada bem no início, é bom respeitar porque a montanha é traiçoeira. Quando fomos, o índice de avalanche estava alto, 4 em uma escala de 5, sendo 5 risco máximo. Nesse caso, a orientação é pra não esquiar fora das pistas, porque a cobertura de neve nesses pontos está muito instável e qualquer movimentação pode desencadear uma avalanche. Várias detonações foram efetuadas pelo pessoal da estação ao longo do fim de semana pra induzir avalanches controladas e prevenir surpresas.

 

Ponto de encontro dos grupos pra aulas de esqui, no pé da montanha.
As pistas na foto são do espaço iniciante, largas e pouco inclinadas.

 

Início da subida debaixo de muita neve!
No segundo teleférico, subindo ainda mais a montanha! A pista é indicada
pelos bastões que vemos na foto (faz uma forcinha, vai!)

Serre Chevalier: ótima estrutura para iniciantes

A estação tem belas pistas para iniciantes, largas e com pouca inclinação, deixando opções variadas de escolha de percurso pra quem vai se aventurar pela primeira vez nas pistas com neve. As pistas verdes ficam no pé da montanha, sem necessidade de subir de teleférico, só mesmo o teleski (uma espécie de puxador) pra levar ao início da pista. E o público mais fofo fica por lá: as criancinhas de 2 anos que estão ensaiando suas primeiras derrapadas. Mas também tem pessoas como eu, que com 28 anos estava tendo sua primeira aula de esqui na vida. Mas desta vez as pistas verdes ficaram pra trás, e a brincadeira começou mesmo na pista azul, e pra chegar até ela fomos de teleférico. Claro que no primeiro dia tive que desenferrujar as pernas e espantar o medo, assim meu desafio era diminuir o tempo de descida na pista.
Dois medos: ficar parada no teleférico e congelar de frio,
e perder os bastões ou esquis durante a subida.
Durante os 3 dias que estivemos lá nevou bastante, e a visibilidade não é lá grandes coisas, mas ainda assim as pistas estavam bem movimentadas. E foi graças à neve que consegui ganhar um pouco mais de confiança nas pistas – claro, não enxergava nada mesmo, já tava lascada, o jeito era me conformar e esquiar.
Minha primeira descida em pista vermelha aconteceu por acaso: pegamos o teleférico que nos levava pra uma pista azul bem inclinada que eu tinha descido morrendo de medo, mas já me sentia mais confiante pra tentar de novo, depois de um dia inteiro descendo outras pistas azuis, e não olhamos no quadrinho na entrada do teleférico as informações de pistas.
Quando chegamos lá em cima e eu pego feliz da vida e cheia de confiança o caminho pra minha pista azul, tóin! A pista estava fechada. Ou descia a vermelha, ou descia a vermelha, não tive muita escolha. Desci um trecho, até o ponto onde ela encontrava com a azul, e dali pra frente foi só alegria.
Em tese, porque fiquei com vontade de me lançar o desafio de encarar a pista vermelha. E Bernardo me encorajou muito. Subimos mais um teleférico, chegamos no ponto alto da montanha, um dos mais altos, e duas opções se abriram: ou descíamos a mesma pista azul que já tinha descido inúmeras vezes, ou descíamos a pista vermelha que levava pro outro lado do vale.
E o vento soprando forte, a neve caindo abundante, eu morrendo de frio de ficar parada, e Bernardo fala “se não quiser, se der medo, vamos na azul”. Suspirei, olhei pra ele, olhei pra pista – ou melhor, pro pouco que dava pra ver da pista – e pensei “um dia isso iria acontecer de qualquer maneira” e topei descer os 3,5km da pista vermelha. Juro que deu preguicinha quando vi a placa marcando 35 bem no início da pista, e o Jaiminho que mora em mim ficou dizendo pra eu evitar a fadiga, enquanto Bernardo repetia o mesmo: “pára de fazer zigue-zague longo e desce logo, assim você cansa menos” ou ainda “passe entre os vales e não no topo dos montinhos”.
Eu tentei, eu cai – e aproveitei que a neve tava fofa pra descansar uns segundinhos antes de levantar de novo – e no fim das contas cheguei no pé da pista. Pra subir e começar tudo de novo, um pouco mais rapidinho – mas nem tanto – a cada descida. Chegar no final da pista foi tão legal quanto passar no vestibular, receber meu diploma, tirar carteira de motorista. E fez desse um dos fins de semana mais legais que já passei num congelador numa montanha. Eu finalmente esquiei.
Descendo uma pista vermelha. Na foto pareço camuflada, mas com as máscaras
dá pra me enxergar direitinho no meio da neve!

 

Nevou horrores, mas no último dia o tempo abriu um pouco
e pudemos contemplar o vale. E essa foto simboliza um marco:
nossa primeira foto juntos numa pista vermelha.

Hospedagem em Serre Chevalier

O hotel escolhido pra nossa hospedagem foi o MMV Alpazur*, mesmo hotel onde ficamos quando fomos em 2011 (viagem também organizada pela associação de esportes da empresa), localizado bem perto dos teleféricos e do ponto de ônibus que nos leva ao pé da pista – dava pra ir caminhando, mas andar com bota de esqui na neve/gelo é tão confortável quanto andar de salto alto na areia fofa. O pessoal do hotel nos recebeu muito bem, e rapidinho os 47 esquiadores puderam deixar seus pertences em seus respectivos quartos.
No pacote da nossa estadia também estava incluída uma hora no spa do hotel, e aproveitamos a sexta-feira depois do esqui pra relaxar, deixando as 2 horas nas termas da cidade pro sábado depois do esqui (quando o spa do hotel fecha pra manutenção semanal), assim como todas as refeições ou a possibilidade de preparar um lanche pra levar pras pistas pra quem preferisse fazer um piquenique sem voltar pro hotel. Preferimos almoçar todos os dias no hotel, assim tivemos uma pausa pra descansar as pernas, e desfrutar das refeições com calma – a comida do hotel é muito boa.

 

Nosso quarto (ficamos só os dois)

 

Restaurante savoyard do hotel, onde serve-se fondue ou raclette (escolhemos fondue)

O spa do hotel

Já fazia parte do nosso pacote um tempinho no spa do hotel, e logo depois do café da manhã reservamos pro último horário, no mesmo dia (escolhemos a sexta-feira, já que no sábado tem a manutenção e fomos pras termas da cidade). O spa tem duas jacuzzis, uma sauna úmida e uma sauna seca. Prefiro a seca, porque na sauda úmida tenho impressão de que vou sufocar. Foram 45 minutos pra relaxar, depois de um dia inteiro cansando as pernas nas descidas, e cada minutinho foi precioso e deu pique pra aguentar o dia seguinte na montanha.
Clique nas fotos para ampliar.
Recepção do spa

 

Jacuzzi

 

Jacuzzi e espreguiçadeiras

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Les Grands Bains – Clube termal de Monêtier-les-Bains

Outra regalia inclusa no pacote organizado pela associação era o ticket de 2 horas nas termas da cidade. A foto abaixo mostra o clube termal visto de fora: a parte coberta tem piscinas, a trilogia romana – caldarium, água a 40°, tepidarium, água a 32°, e frigidarium, água a 17° (um mergulho rápido bastou pra mim!), espaços de hidromassagem, hammam, banho musical.
A parte externa conta com piscina aquecida e jatos d’água, além de pontos de massagem. O melhor momento da noite – fomos às 18h30, nosso ticket dava direito à duas horas – foi ficar na piscina exterior olhando pro céu enquanto os flocos de neve caiam, a água quentinha nos protegia da temperaturas negativas e ainda possibilitava apreciar a cena.  que também mostra as tarifas – adianto que 19,50€ por pessoa pra duas horas de relaxamento nas termas é uma tarifa mais que justa!

 

E aí, convencido à se aventurar numa das maiores estações de esqui da França? Quem não for fã das pistas, pode ficar nas termas se aquecendo, é terapêutico!
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