Aprender francês na Provença

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Que tal aprender francês na Provence durante uma curta temporada? Pois imagine passar férias de uma forma diferente, aproveitar dias longos, visitar paisagens que inspiraram Cézanne, Picasso… Sentir o perfume de pinho durante uma trilha pelas calanques, zumbido das abelhas no meio dos campos de lavanda, o balanço suave do mar mediterrâneo… Ou ainda apreciar o artesanato local, a gastronomia de dar água na boca com suas numerosas rotas dos vinhos e ainda voltar pra casa sabendo mais do que Bonjour, Merci e Au revoir ? Então vou contar pra vocês como foi minha primeira experiência de aprendizado do idioma francês.

Cinco coisas para fazer em Aix-en-Provence

Cinco passeios bate-volta de verão saindo de Aix-en-Provence

Rotonde Jeanne d’Arc, montanha Sainte-Victoire, detalhe do centro, Igreja Sainte-Catherine

 

SUFLE Aix-Marseille Université

Era fim de março quando chegamos, praticamente fim do ano escolar, que termina em junho. Sabíamos que eu deveria estudar francês, e que a Aix-Marseille Université tem o serviço de ensino do francês pra estrangeiros, SUFLE. As aulas acontecem no campus em Aix, na faculdade de letras, não muito longe de onde morávamos, então acabei nem procurando outra instituição na época. Além disso, nossos amigos também estudavam lá e nos recomendaram o curso, mas eu deveria esperar o início do verão para me inscrever nas aulas ao longo do mês de julho.

Até o início do curso tive muito tempo pra me ocupar da montagem da casa, o que de uma forma me obrigou a aprender um pouco de francês pra sobreviver. No dia a dia, eu me forçava cada vez mais a interagir e me comunicar com as pessoas, e quando me sentia travada, meus interlocutores em geral passavam pro inglês, ou gestos, enfim, a comunicação acontecia. Mas eu comecei a estudar por conta própria também, pois queria ocupar meu tempo e melhorar a comunicação em francês.

Meu curso autodidata foi intensivo: comprei gramática, lia jornal, assistia tv e ouvia rádio, repetia tudo que ouvia igual criança quando começa a aprender a falar. Misturava inglês com francês, afrancesava o português e aos trancos e barrancos cheguei no dia da prova de nível para saber em qual turma eu faria o curso.

Onde comer a bouillabaisse, prato típico de Marseille

Château d’If e arquipélago do Frioul, Marseille

Notre Dame de la Garde vista do Château d’If, Château d’If visto do barco, sabonetes de Marseille, detalhe Notre Dame de la Garde

Medo de errar? Fala com medo mesmo

Acho que o fato de eu ter trabalhado como professora de inglês durante alguns anos me ajudou muito a aprender, porque lancei mão das mesmas estratégias de aprendizagem que foram minhas ferramentas de trabalho. Com isso, cheguei na entrevista falando pelos cotovelos, mas com uma imensa lacuna em ortografia e gramática. Mas como o foco do curso de verão é a conversação (sem negligenciar gramática e ortografia, claro!), fui pra uma turma que já falava bem e tinha um certo tempo de estudo do francês, e me senti um peixe fora d’água, mas consegui acompanhar o curso.

Logo na primeira semana, ao conversar sobre minha experiência como professora de inglês com a  responsável pedagógica do curso fui convidada por ela a participar do estágio de formação pra professores estrangeiros de francês, com duração de duas semanas. Assim, intercalei duas semanas de curso de francês e duas semanas de formação, e meu curso de verão foi um 2 em 1, já que sai de lá com os dois certificados, um bônus por ser um tanto tagarela!

Atividades para aprender francês

Dentre os vários passeios propostos optei por três: a visita à uma vinícola perto de Aix-en-Provence com direito à degustação, a fábrica da L’Occitane (que significa “mulher da Provença” no dialeto occitan ou provençal) e a visita à uma chocolateria, também com degustação (e a pessoa aqui tava muito ocupada pra tirar fotos, confiram o site do paraíso do cacau aqui!). Como tínhamos acabado de chegar e teríamos outras oportunidades para fazer os outros passeios, acabei anotei os destinos propostos que me interessaram e fizemos alguns dos passeios depois, como foi o caso de Gorges do Verdon. Os passeios oferecidos durante o curso custam em média 15€ por pessoa, com transporte e taxas de visita inclusos.

Quando terminei o curso não dominava o idioma (não acredito dominar o português, quiçá um idioma estrangeiro!), parece ser missão impossível em quatro semaninhas, né? Mas nos surpreendemos com o progresso feito quando está imerso no idioma e na cultura, e mesmo que 4 semanas passem rápido e pareçam pouco, é uma experência extremamente enriquecedora em diversos aspectos e depois dessa experiência senti muito mais segurança pra conversar e me empenhei ainda mais nos estudos autônomos antes de me inscrever no curso anual pra me preparar pro exame de francês exigido pra inscrição no mestrado em psicologia.

Gorges du Verdon e Lago de Sainte-Croix

Moustiers-Sainte-Marie, um dos mais belos vilarejos da França

Lac de Sainte Croix, Gorges du Verdon, Moustiers-Sainte-Marie e porcelana local

Como é aprender francês na Provence durante o verão

O curso de verão tem duração entre duas e cinco semanas e o valor da inscrição é proporcional ao tempo de duração (as tarifas são corrigidas todo ano, clique aqui para mais informações). Já o estágio de formação pra professores de francês língua estrangeira tem duração de duas semanas e requer bom conhecimento do idioma (nível B2 segundo o Quadro Europeu de Referência para línguas, que é um nível no qual a pessoa tem competências de compreensão de textos que tratam de assuntos complexos em termos gerais e na sua área de atuação profissional, conversa com interlecutores nativos com desenvoltura de maneira clara e sem maiores dificuldades e opina sobre assuntos diversos, sendo capaz de expor seu ponto vista e argumentar – eu não tinha desenvoltura, só tagarelice mesmo).

Saiba como estudar francês em Paris de graça!

E quando a gente não sabe falar nada além de “Merci”, “Bonjour” e “Au revoir”, dá pra fazer o curso? Claro que sim, os grupos são divididos de acordo com os níveis de conhecimento do idioma, indo do mais básico (leia-se: não sei falar nada) ao avançado. E antes do início das aulas, passamos por um teste com os professores pra avaliar em qual nível estamos. E são professores formados pra ensinar francês para alunos estrangeiros, então eles possuem ferramentas e estratégias pra conseguir realizar a tarefa inclusive com pessoas que não tem nenhum conhecimento do idioma! A experiência é extremamente enriquecedora e pode ser uma forma diferente de aproveitar as férias e melhorar o currículo!

Cassis, charme provençal à beira-mar

Parque Nacional das Calanques, Marseille e Cassis

Alliance Française: a experiência da minha mãe

Em 2018 inscrevi minha mãe no curso intensivo durante três semanas, pra que ela pudesse aproveitar o tempo aqui pra aprender francês, enquanto Vic estava na escola. Ela teve 16 horas de aulas por semana, 4 vezes na semana – exceto às quartas-feiras. A escola oferece o curso anual, com início em setembro, mas que também pode ser feito por um semestre, à partir de janeiro até junho. Além disso, há o curso de verão e outros cursos mais específicos, como francês para au pair, as babás estrangeiras que vivem e trabalham em casas de famílias francesas.

No caso da minha mãe, fiz a inscrição no curso anual, mas para apenas três semanas de aula, pois seria o tempo justo para o retorno do Brasil em função da data de início do curso. Ela gostou muito das aulas, com foco na conversação e exercícios de gramática escolhidos de acordo com o tema da aula. Fiquei feliz quando vi que a gramática usada pela professora era a mesma que usei, Grammaire Progressive du Français, e percebi que ela conseguia entender melhor o que era falado, mas também lia com mais facilidade.

Acho que o curso foi uma ótima escolha tanto pela proximidade da escola à minha casa, como pela possibilidade de modular a duração, o que não teria como ser feito no curso da universidade. Mas atenção: para iniciantes, o ideal é chegar na época do início das aulas, seja meados de setembro, seja início de janeiro, para seguir o ritmo da turma, mesmo que o tempo de permanência não corresponda à duração total do curso.

Aspectos práticos

  • Visto: Como a duração do curso de verão é de no máximo 5 semanas, os brasileiros não precisam do visto de estudante para se inscreverem no curso de verão, a entrada como turista nos autoriza a permanecer 90 dias na União Europeia. A inscrição no curso de verão não configura inscrição universitária, ou seja, burocraticamente falando não confere o status de estudante perante os olhos da imigração – mas confere descontinhos no cinema e outros lugares apresentando a carta de estudante!
  • Hospedagem: Há duas possibilidades: hospedagem nas residências estudantis da universidade ou aluguel de studio ou apartamento por temporada (semana ou mês). Veja aqui boas opções de hospedagem em Aix-en-Provence.
  • Como chegar à Aix-en-Provence: o Aeroporto mais próximo é Marseille Provence. Um ônibus faz o traslado aeroporto – rodoviária d’Aix (que fica no centro), passando também pela estação do trem (quem quiser dar um pulinho em Paris antes de vir ou ir pra Paris depois, em três horinhas o TGV percorre a distância de mais de 700km!). Tarifa aeroporto-centro: 7,60€. Tarifa estação TGV-centro: 3,80€. Leia mais sobre como chegar em Aix ou Marseille neste post.

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