Munique e a abertura da Oktoberfest

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Willkommen. Chegar num país onde o máximo que conseguimos dizer é “Hallo”, “Kein Deutsch”, “Danke Schön” e “Bitte Schön” assusta menos que as dimensões das construções vistas em Munique. Tudo é gigante demais: o aeroporto, as estações de metrô, os parques, os palácios e museus, as canecas de cerveja… Ir à Munique no final de setembro implica ir à uma certa festa que reúne uma multidão em grandes tendas, localizadas em um grande parque que tem o nome da princesa da Bavária cujo casamento deu origem à festa.

Helga, é você?

  

A Oktoberfest acontece na capital da Bavária desde 1810, quando aconteceu o casamento do então príncipe Ludwig com a princesa Theresa e a celebração com a população foi tão grande que, festeiros como os alemães são, a festa se repete anualmente (ou quase, tendo sido adiada durante o período de guerra) e não se resume simplesmente à festa da cerveja, sendo uma grande festa que marca o fim do verão, celebra as colheitas e reúne um imenso salão de agronegócios, com direito à venda de animais (vimos cada touro de tamanho impressionante) e de máquinas agrícolas, igualmente gigantescas (lembrando que tudo na Alemanha tem dimensões exageradas, passando pelo tamanho da estátua que representa a região e incluindo o tamanho das palavras, como Theresienwiese, espécie de parque onde tudo isso acontece). E por que Oktoberfest se ela começa em setembro? Porque o casamento aconteceu em outubro, e como a festa tem duração de três semanas o consenso (e o bom senso também) foi que a data de início seria no fim de setembro, quando o clima ainda é mais ameno (média de 15°), e o encerramento da festa acontece em outubro.

Quando fomos em 2010 chegamos no segundo fim de semana da festa para ficarmos três dias na cidade, com um grupo de mais 5 amigos, sendo que uma delas não bebe. Aproveitei que teria uma companheira de passeio e fomos conhecer Munique enquanto o resto do grupo aproveitava a farra nas tendas, que acompanhamos durante todo o primeiro dia e no final do segundo. A cidade fica muito cheia nessa época, mas curiosamente todas as atrações turísticas ficam vazias (por que será?), e a maior fila que enfrentamos foi nas informações turísticas, onde um simpático funcionário nos deu uma mapa da cidade e indicou as principais atrações, vou falar sobre as que visitei em 2010 e esse ano em outro post.

Este ano chegamos à Munique um dia antes da abertura da festa, que aconteceu no sábado 22 de setembro. A escolha do hotel ficou à cargo do marido, e foi feita com muita antecedência, o que nos garantiu uma hospedagem a menos de 1km do local da festa, e a dois quarteirões apenas da Hauptbanhof, a estação central de trem, de onde chegamos e saímos para o aeroporto. Ficamos hospedados no Munich Inn, e só tenho uma ressalva a fazer: a água quente demora horrores a dar o ar da graça no chuveiro, e nossos amigos explicaram que isso é relativamente normal quando se trata de construções mais antigas. No mais, o quarto era bom, o café da manhã é delicioso e muito bem servido e pelo fato do nosso quarto ser voltado pra rua e ter grandes janelas pudemos assistir de camarote o desfile de abertura da festa, e só ficamos sabendo disso no dia quando descemos pro café da manhã. Posso dizer que Bernardo tem muita sorte na escolha dos hoteis, deixo essa parte da preparação da viagem sob responsabilidade dele.

O desfile durou cerca de uma hora e contou com a participação das várias cidades da região da Bavária demonstrando aspectos culturais, sendo que na minha opinião, o pessoal com os chicotes foram a sensação do desfile e arrancaram aplausos animados de quem parou pra assistir. A organização para o desfile começou minutos antes: a polícia balizou as ruas do percurso que terminava na Theresienwiese, e assim que o desfile terminou, a multidão seguiu tranquilamente rumo à festa, que tem início oficial quando o prefeito abre o primeiro galão de cerveja, serve sua caneca e brinda a todos. E nós seguimos pra Hofbräuhaus do centro e acertamos na escolha, porque conseguimos uma mesa sem dificuldade, feito que foi um tanto mais complicado no dia seguinte, quando fomos pra Theresienwiese debaixo de chuva.

Vale lembrar que todo mundo procura uma das 14 grandes tendas no parque, e que elas sempre estão muito cheias, mas chegando cedo, em torno das 9 da manhã nos finais de semana (elas abrem às 10 durante a semana), é possível conseguir uma mesa e ficar até por volta de 15h, quando eles nos pedem pra liberar a mesa pra que as pessoas que fizeram a reserva ultra antecipada (começam em dezembro) possam se instalar. Sem mesa, não dá pra comprar cerveja ou comida, eles não atendem quem está de pé nas tendas.

Além das grandes tendas ainda tem outras 21 pequenas tendas espalhadas pelo local, e elas são mais decoradas e também tem as bandas de música que encontramos animando a festa nas grandes tendas, mas a dificuldade pra encontrar um lugar é menor, e geralmente nessas tendas a maioria do pessoal é alemão. Encontramos uma senhorinha que contou sua história de vida pra gente, misturando inglês e alemão, e explicou que ela larga o marido em casa pra ir à festa, porque ele não gosta, e ela adora a animação, a música, a cerveja, enfim, brindar à vida. E é esse o lema da festa: em qualquer tenda ou cervejaria é comum a banda que anima o local tocar com grande frequência o refrão “Ein prosit, ein prosit der gemütlichkeit“, que um belga nos explicou que significa mais ou menos um brinde à alegria de viver. Muita alegria, de fato, compartilhada com pessoas do mundo inteiro, numa mesma tarde demos a volta ao mundo enquanto conversamos com americanos, tchecos, russos, bielorussos, coreanos (que dançaram Gangnam Style), canadenses e belgas.

Theresienwiese: um grande parque de diversões pra todas as idades.

À esquerda, a feira de agronegócios. No alto à direita, a estátua da Bavária.

Mas a Oktoberfest não é só frequentada por marmanjos bebedores de cerveja. É muito comum ver famílias inteiras na Theresienwiese, e não apenas famílias alemãs! E diversão é o que não falta: além das diversas barracas com jogos e brincadeiras que vemos comumente em parques de diversão, também temos direito aos grandes brinquedos pra quem gosta de adrenalia: montanha-russa com 5 loops nas cores dos cinco aros olímpicos, roda-gigante, carrossel pra criança e pra adulto (tem cafés e bares que ficam girando, imagine o efeito pra quem já bebeu uma “cervejinha”), torre que despenca, casa do terror e mais. Claro que dessa vez eu fui na montanha-russa virar cinco vezes de cabeça pra baixo enquanto ouvia o cunhado dizer que só tenho ideia de jerico, ou então girar a uns bons metros acima do chão e ver o tamanho de Munique e ainda andar de roda-gigante e ter noção do tamanho da Theresienwiese.

Informações práticas:


– A reserva de mesas começa em dezembro e deve ser feita junto à tenda de sua preferência, a lista com os contatos você encontra aqui. O canecão de 1 litro em 2012 custava 9.40€ e eles só aceitam dinheiro, e não peça troco, se o fizer corre grande risco de não ser servido novamente ou de ser mal servido. Acredito que tendo a reserva da mesa nas grandes tendas seja possível escolher outros tipos de cerveja, inclusive a caneca com meio litro, nas pequenas tendas sei que existe essa possibilidade.

– O aeroporto de Munique fica a cerca de 40km da Hauptbahnhof e o ticket de trem custa 10€, e pode ser comprado nos distribuidores automáticos que tem opções de vários idiomas e aceitam cartões.

– Alguns estabelecimentos na Alemanha não aceitam os cartões de crédito/débito convencionais, mesmo sendo internacionais, só aceitando o dinheiro eletrônico muito comum no país. Por isso é bom prever uma boa soma em espécie e observar se as lojas ou estabelecimentos aceitam ou não cartões.

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4 Responses

  1. Milena F.

    Gostei muito de Munique, mas não fui durante a Oktoberfest (não gosto de cerveja de jeito nenhum).
    Sempre que vou à Alemanha fico surpresa, pois eles néao têm muito costume de pagar as coisas do dia a dia em cartão de crédito, então você tem razão em dar essa dica de levar em espéces.

  2. Natalia Itabayana Junqueira de Mattos

    Essa questão do cartão deles pode parecer boba, mas quando chegamos ao supermercado que vimos que nosso cartão não era aceito, e a moça do caixa não foi muito simpática ao nos explicar, uma exceção na educação deles, porque nos outros lugares fomos muito bem tratados. Apesar de termos ido pra festa, chegamos um dia antes e conseguimos visitar alguns lugares muito bacanas de Munique, e nos outros dias fizemos passeios também, ficando só uma parte do tempo na festa, a cidade é realmente muito bacana!

  3. Oscar | MauOscar.com

    Saudades da Alemanha

    Morei lá por quase 2 anos.. Apesar de ter ido apenas 1 vez na Oktoberfest alemã.. tenho que dizer que sou fã incondicional desta festa…Em 2007 até desfilei na Oktoberfest de Blumenau.. Como morava e, Freiburg freqüentava a Stuttgarter Cannstatt Volksfest.. Nesta eu fui pelo menos umas 10 vezes 😀

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