Rota da lavanda: Bonnieux

Campo de lavanda em Bonnieux e vilarejo de Lacoste ao fundo

 

O pacato vilarejo de Bonnieux já entrou no nosso roteiro diversas vezes, mas sempre estávamos de passagem, e acabamos por nos contentar com uma rápida pausa no percurso pra fazer uma fotinho na estrada que atravessa o coração do vilarejo, para em seguida continuar nosso caminho que nos levava pra destinos não muito longe dali. Mas uma cidadezinha tão charmosa e com uma vista privilegiada pro parque regional do Luberon merece mais que uma rápida parada pra foto, e assim decidimos fazer um passeio de domingo para visitar Bonnieux e seus arredores.

Apenas 50km separam Aix-en-Provence de Bonnieux, e em grande parte do percurso atravessamos uma bela planície cercada pelo imponente monte do Luberon ao norte e pela Sainte Victoire ao sul, região onde a agricultura é a principal atividade a definir os tons que a paisagem exibe: dourado dos campos de trigo, amarelo dos girassois e canola, verde das oliveiras e do pasto, tudo isso contemplado enquanto percorremos as estradinhas ladeadas de altos plátanos que proporcionam sombra para abrigar do forte sol que ilumina a Provença no verão.

Rota da lavanda: Bonnieux

Tão logo chegamos ao vilarejo, os primeiros campos de lavanda se fizeram visíveis no horizonte, na planície dos arredores aos pés de Bonnieux. Tal qual criança que não pode ver que ganhou aquele presente tão almejado, atravessei a cidadezinha, sem ao menos parar pro tour à pé, e continuei pela estrada que nos levaria aos campos, os primeiros que vimos nesta temporada de 2014. Porque a visão dos campos de lavanda, longe de ser algo completamente banal porque moro na região, é algo que sempre vai me encantar: impossível não sermos tocados pelas formas de expressão da natureza. Nem precisamos percorrer muito chão entre o centro de Bonnieux e os primeiros campos que vimos: algumas centenas de metros foram suficientes pra encontrar um lugarzinho pra deixar o carro e fazer as fotos, andar no meio dos arbustinhos e sentir seu perfume e o zumbido das abelhas, essas trabalhadoras que tem escritório privilegiadíssimo.

E já que estávamos tão pertinho, porque não esticar até Gordes, Roussillon e Abadia de Sénanque, pra ver as lavandas coloridas de roxinho desta vez? Ano passado fizemos esse passeio muito cedo, e acabamos nos privando da cobiçada vista do mar lilás que enfeita os jardins da abadia. Como já havíamos visitado os vilarejos, fomos direto pra abadia, onde pudemos enfim registrar com visão, olfato e audição aquele momento mágico. De lá, voltamos para Bonnieux, não sem antes fazer um pequeno desvio pelos campos de lavanda dos arredores de Roussillon, e uma parada numa interessante feira de tratores que acontecia perto da cidade, feira que teve inclusive um desfile de tratores pela estradinha por onde passamos, ou seja, uma cena habitual de domingo na roça francesa – mas isso é assunto pra outro post.

 

O Mont Ventoux visto do campo de lavanda em Bonnieux

 

O vilarejo de Lacoste visto de campo de lavanda em Bonnieux
Bonnieux reúne todos os critérios típicos dos charmosos vilarejos provençais: uma igreja no alto da colina, ruelas calçadas com pedras dos arredores, uma pquena praça com restaurantes e uma fonte, pequenas sacadas e janelas enfeitadas com flores, portas em madeira entalhada que aguçam a curiosidade e nos fazem imaginar o que se esconde ali atrás. Pra nossa sorte, ainda conseguimos dar uma espiada no mercado das pulgas que aconteceu naquele domingo na cidade. Chegamos já no meio da tarde pro nosso passeio, e como já eram 18h quando finalmente fomos explorar o centro de Bonnieux, acabamos vendo o finalzinho dessa feira interessante. Ainda tinha roupas provençais, louça, móveis e talheres em diversos metais expostos, mas a clientela estava em número visivelmente reduzido. Assim, percorremos rapidamente os produtos expostos e seguimos em direção à igreja, aquela pontinha que você pode ver na foto abaixo, e que fica logo no alto do morro.

 

Mas no caminho nos deparamos com ruelas encantadoras, túneis que passam sob casas construídas sabe-se lá quantos séculos atrás, tudo emoldurado por pedras em tons claros, típicos da paisagem que cerca, de forma a camuflar o vilarejo – porque ver era o principal objetivo, e não ser visto era a ideia, e outrora a segurança tinha primazia sobre a estética.  E para ver o lugar ideal é o alto da colina, o mesmo lugar onde fica uma das igrejas do vilarejo.

Quando chegamos ao mirante, ficamos contemplando por alguns minutos aquela planície verde das videiras e oliveiras, com alguns pontos extremamente roxos, onde a lavanda é cultivada, outros dourados, indicando os campos de trigo, cercada pelo Luberon e Mont Ventoux, eternamente branco no topo de seus 1900 metros por conta das pedras calcáreas e da falta de vegetação naquele ponto, que visto de longe dá impressão de estar coberto de neve. Assim que vimos o Mont Ventoux desaparecer sob a cortina de chuva, decidimos que a hora era chegada de pegar estrada de volta pra casa, levando souvenirs sensoriais inesquecíveis dessa tarde de domingo no campo entre lavandas.

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A vista do mirante de Bonnieux é um encanto

 

 

 

 

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