Arte é um dos pontos fortes de Aix-en-Provence. A cidade conta um grande número de galerias destinadas a valorizar os artistas da região, além do Museu Granet que tem um belo acervo, a Fundação Vasarely com as obras de arte cinética, e em maio de 2015 ganhou um novo centro de arte, que ocupa um belo casarão do século XVIII no bairro Mazarin: o hôtel de Caumont. No primeiro ano de funcionamento, o Caumont Centre d’Art organizou uma exposição com obras do artista Canaletto, e quando visitei o centro pela primeira vez a exposição reuniu trabalhos do inglês Turner, e a curadoria deu ênfase à maneira como o artista trabalhou as cores.
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Nesta temporada outono-inverno o centro organiza uma belíssima exposição de estampas japonesas pertencentes à coleção Georges Leskowicz. Estão expostas estampas de artistas renomados como Hokusai, Hiroshigue e Utamaro que ilustram cenas do cotidiano da sociedade japonesa durante o período Edo, quando o arquipélago foi governado pelos shoguns e ficou cerca de dois séculos inteiramente fechado ao exterior. A exposição pode ser visitada de 8 de novembro a 22 de março de 2020, e quem estiver na cidade até então, recomendo a visita ao centro. Abaixo seguem informações detalhadas sobre este típico casarão da aristocracia aixoise, exemplar raro do estilo arquitetônico da vida na corte francesa.
Breve História do Hôtel de Caumont
O edifício que hoje abriga o centro de arte foi construído entre os anos de 1715 e 1745 no bairro Mazarin, que na época foi um projeto de expansão da cidade e que leva o nome do arcebispo que idealizou a área cujo coração encontra-se na praça onde fica minha fonte favorita na cidade: a place des Quatre Dauphins. A organização desse bairro da cidade é completamente diferente do centro histórico, que tem ruelas estreitas o suficiente pra passagem de carroças medievais e do século XXI também. O bairro Mazarin foi todo projetado no estilo de um tabuleiro de xadrez, com ruas mais largas e quarteirões certinhos, quadradinhos, onde outros casarões do mesmo estilo constituem a cara do bairro burguês.
A denominação “hôtel” faz referência ao edifício que pertencia a uma família que nele residia, e geralmente possui um jardim ou pátio interno, e que leva o nome da família. No caso do Hôtel de Caumont, o nome não é da família que o construiu e nele habitou inicialmente, a família de Réauville, que vende o edifício em 1758, pouco mais de uma década após a conclusão dos trabalhos, à família de Bruny, e durante a Revolução Francesa vê seus salões se silenciarem, as festas e noitadas da burguesia perdem a razão de ser. O herdeiro do imóvel, Marie-Jean-Joseph de Bruny morre na miséria em Rouen, deixando o hotel como herança pra sua irmã Pauline, que era casada com o marquês de Caumont, donde o nome pelo qual o edifício é conhecido atualmente. Pauline não se desfez do imóvel, mas após sua morte, em 1850, houve uma sucessão de proprietários e o edifício se degradou pouco a pouco.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a construção abrigou vários resistentes sob os cuidados da anfitriã Hélène Ardevol (o sul da França demorou a cair sob domínio dos nazistas graças ao combate dos resistentes, e muitos edifícios adornam placas em sua memória). Em 1964 o prédio é vendido à prefeitura de Aix-en-Provence e abriga o conservatório de música e dança Darius Milhaud. Em 1990 o casarão é classificado como monumento nacional, e em 2010 é vendido ao Culturespaces, atual proprietário e responsável pelo projeto e trabalhos de restauração iniciada em 2013 e abertura do centro de arte em 2015.
A visita
Nossa visita teve início na sala de cinema do centro, onde é exibido o filme “Cézanne au pays d’Aix”, que retrata em trinta minutos a vida do artista impressionista. Me emocionei muito ao saber um pouco mais da história deste contemporâneo e amigo de Claude Monet e Emile Zola, e por rever as paisagens que marcaram sua vida e que hoje são cenário da minha vida por aqui. Terminado o filme, atravessamos o pátio que fica na frente do edifício e que outrora servia como saguão de entrada e estacionamento de carruagens de convidados. Ao atravessar a porta de entrada, nos encontramos dentro de um vasto saguão, ornado por dois atalantas que sustentam o pavimento superior, sendo que a estátua da esquerda, com rosto jovem, olha pra porta de entrada em sinal de “boas-vindas” aos visitantes, enquanto a estátua da direita, com rosto mais maduro, olha pra dentro do edifício, e o conjunto simboliza o passar do tempo.
É no andar superior que a visita aos tempos majestosos do hôtel tem início, tão logo adentramos o salão de música. A decoração das paredes é rica em detalhes e mostra que o espaço foi concebido para aguçar os sentidos: audição, visão, tato. Uma harpa e um cravo delicamente pintado com cenas mitológicas são as peças principais do salão, que conta também com uma mesa de jogos. No cômodo ao lado fica o quarto que pertenceu à Pauline de Caumont, ricamente decorado no estilo Louis XIV. Os demais cômodos deste andar e do andar superior são dedicados às exposições temporárias, e no térreo funciona o café e restaurante do centro, assim como a livraria. Vale reservar um tempo da visita pra apreciar a beleza do jardim, inteiramente refeito conforme o projeto original do edifício.
Salão de música |
Salão de música |
Quarto de Pauline de Caumont |
Café e restaurante do centro |
Café e restaurante do centro |
Anônimo
Obrigada pela oportunidade de viajar com vocês. Conhecer o sul da França e Paris são dois sonhos de vida, Quem sabe um dia eles se tornem reais. 🙂
Ju Garzon
Natalia, acabei de conhecer o seu blog e adorei! Super informativo e com fotos lindíssimas. Aix com certeza está na minha lista de lugares a conhecer, pena que ainda não deu tempo!
Beijos, Ju
http://madamebr.com