Cabo Corsa, dia I : Macinaggio e Barcaggio

postado em: Córsega, França | 7


Português/Français

Difícil encontrar as palavras certas para fazer jus à beleza sem correr o risco de cair no lugar comum, sem pecar pelo excesso de clichês, mas também sem negligenciar detalhes importantes desta ilha encantadora. Nosso primeiro contato com a Córsega foi durante a noite, quando saimos do ferry-boat e rumamos em direção à casa onde passaríamos os dias de férias. Todos os amigos e conhecidos com quem conversamos sobre a ilha já tinham nos prevenido sobre as estradas sinuosas, e não tardamos para confirmar o fato : percorremos os 25km que separam o porto de Bastia da casa onde nos hospedamos em meia hora.

Não foi do mar que vieram as náuseas, mas das curvas mesmo. Sorte que a lua nasceu tão linda nessa noite, e o céu estava tão estrelado, o mar de uma calma impressionante, e que ficamos mais maravilhados que qualquer outra coisa. E que mar. Bernardo riu muito quando dissemos que o mar era absurdamente azul : era quase meia-noite, com que luz poderíamos ver isso ? Com a luz que iluminava a praia onde vimos tons de azul impressionantes, à meia noite mesmo. A confirmação viria no dia seguinte.


A primeira surpresa proporcionada pela presença da luz do dia aconteceu quando abri a janela do quarto : a casa mais próxima ficava a centenas de metros dali. Na frente da janela do quarto, flores brancas e rosa dos pés de louro plantados ao longo do muro da casa, um morro com vegetação baixa, um campo com feno enrolado e algumas vaquinhas ao longe. O silêncio do lugar só era quebrado pelo barulho do mar, não muito longe dali, visto da varanda do lado leste da casa. A varanda do lado oeste dava vista pras montanhas do Cap Corse, reconforto pra esta mineira que sentirá sempre uma ligeira vertingem em superfícies planas.



Depois do café da manhã sem pressa, afinal estávamos de férias, seguimos sem rumo, quer dizer, com rumo muito certo : a beira do mar. A cada nova curva seguindo em direção do norte do Cap Corse, uma sucessão de UAU e “olha a cor dessa água invadia o carro”. Não posso esquecer da frase mais dita pelo nosso amigo francês, em bom português “muito lindo”. Realmente, tudo era muito lindo. O plano inicial era seguir até o extremo do cabo corsa e fazer uma caminhada na trilha litorânea, mas depois de umas cinco curvas, estacionamos onde deu, descemos do carro com piquenique, pés de pato e snorkel, e encontramos uma praia só nossa. Nada de areia na praia, mas já estamos acostumados (confesso que prefiro sem areia mesmo) : a praia era de algas secas. O desafio era andar entre as pedras redondas dentro do mar, mas para garantir conforto existe solução : sapatilha de borracha apropriada pra praias com pedregulhos. Que nós, depois de 3 verões em território francês e frequentando praias com pedras, ainda não compramos. No próximo, quem sabe.


Aproveitamos o tempo em que o sol ainda iluminava a praia pra apreciar o mar. Enquanto a praia ainda era exclusivamente nossa, os rapazes curtiam o mar, devidamente equipados de snorkel. De repente, minha amiga levanta e aceita o convite pra entrar no mar. Com snorkel. Pela primeira vez. Num mar de um azul impressionante, aconteceu o batismo de mergulho da minha amiga, que não sabe nadar. E a primeira coisa que ela falou quando saiu da água foi “quero um snorkel pra mim !”. Depois de presenciar esse momento mágico, levantamos acampamento e seguimos em direção ao extremo do cabo corsa, passando por Macinaggio e seguindo até Barcaggio. A estrada nos leva da costa corsa até as montanhas, e no caminho fizemos uma parada pra fotos num lugar onde antes era feita a descarga de entulhos e que foi limpo e requalificado, servindo como excelente mirante da região, de onde vemos o vilarejo de Rogliano nas montanhas, Macinaggio a leste e Barcaggio ao norte.

A estrada, igualmente sinuosa, cortava as montanhas de pedra verde da região, mesma pedra usada nas construções : torres de vigia, fazendas, telhados, terraços em estilo ligúrio, herança do povo que habitou o local durante bastante tempo. Majoritariamente agrícola, as fazendas ocupam grande parte da paisagem do cabo corsa, que é muito preservada, com mata fechada ao longo de grande parte do trecho em zigue-zague que nos levou até Barcaggio. A estrada, além de muito sinuosa, é bastante estreita, e requer prudência em alto nível. Mas a recompensa que temos ao chegar ao final dela compensa, e recompensa o momento em que o pensamento “que lindo” é substitdo pelo “quando é mesmo que lançam teletransporte ?”. Fomos direto pro porto, onde os meninos aproveitaram os últimos raios de sol pra mais uma exploração subaquática, enquanto eu e minha amiga contemplávamos a paisagem que nos cercava, com ares de “se for sonho, não me acordem !”
(Tem mais fotos abaixo!)

Cap Corse, jour 1: Macinaggio et Barcaggio

Il est difficile de trouver les bons mots pour bien décrire la beauté de la Corse sans risquer les clichés, sans se répéter, voire sans négliger un aspect quelconque de cette île paradisiaque. Notre tout premier aperçu du paysage corse s’est passé pendant la nuit, quand nous avons débarqué sur l’île, au port de Bastia. Il était 23 heures passées et nous avions encore 25 bornes à parcourir pour arriver où nous allons nous loger. 
Tous ceux avec qui nous avions parlé de notre voyage nous avez mis en garde sur la même chose : les routes extrêmement sinueuses, encore plus que celles qui parcourent les Alpes. Nous l’avions constaté le soir même de notre arrivée :les 25km entre le port e la maison étaient parcourus en plus d’une demi-heure. Ce n’était pas le mal de mer qui avait frappé, mais le mal de route. Mais le lever de la lune nous a bien fait diversion, les étoiles en faisaient autant, et la mer, calme et plate tel un miroir, ajoutait un côté magique au cadre, nous faisant oublier n’importe quel malaise. Malgré le fait qu’il soit presque minuit, nous avons vu les teintes de bleu sur une plage éclairée. La confirmation que nous étions bien au paradis viendrait le lendemain matin.

Baptême de tuba de Cinthia
Batismo de snorkel da Cinthia


La première surprise venait avec la lumière du jour, lorsque j’ouvre la fenêtre de la chambre pour découvrir le paysage qui entoure la maison : une colline juste en face, des rouleaux de foin, quelques vaches, des lauriers et ses fleurs qui longent le mur de la maison. Le silence n’était brisé que par les quelques vagues que l’on distinguaient plus loin du côté est, tandis que le côté ouest était entouré par la montagne.

Onde antes era despejado entulho, hoje existe um belo mirante


Nous avons profité des instants pendant lesquels les rayons du soleil touchaient encore notre petite plage pour apprécier la beauté de la grande bleue. Pendant nos instants de contemplation, les garçons profitaient de la mer. Puis, comme Bernardo avait décidé de profiter un peu du soleil lui aussi, laissant son tuba libre, j’ai assisté avec surprise et étonnement au moment où ma copine, qui ne sait pas nager, a pris le tuba et est entrée en mer pour rejoindre son mari. Son baptême de tuba a eu lieu sous mes yeux émus, le tout premier jour de notre voyage. Et elle était agréablement surprise par la beauté de ce qu’elle avait vu sous l’eau. Après ce petit moment magique de découverte, nous avons quitté notre plage presque privée et avons pris la route en direction de Barcaggio, la ville plus au nord du Cap Corse.


Toujours pleine de virages, la petite route départementale D80 nous amène au cœur des montagnes de l’extrême du Cap Corse. La route entrecoupes la pierre verdâtre, utilisée par tout dans les bâtiments et constructions typiques de la région. Les petites fermes tout au long de la route, les arbres qui la longent, donnent au paysage ce passionnant et reposant air champêtre. Le seul petit bémol : lorsqu’on prend la petite route vers Barcaggio, la route est tellement sinueuse qu’elle nous fait oublier, l’instant d’un virage, d’apprécier le paysage, et de désirer ardemment que le téléportation soit possible dès maintenant. Évidemment, cette pensée était chassée aussitôt le port de Barcaggio et sa belle plage d’eau turquoise se dévoilait devant nous. Pendant que ma copine et moi profitions des derniers rayons chauds du soleil, nous assistions à la dernière plongée du jour de nos maris, et je suis sure que nous partagions la même pensée : « si je ceci est un rêve, je ne veux surtout pas qu’on me réveille ! »

Ilha Giraglia


7 Responses

  1. Deise

    Natalia,
    e não é que eu não tive tempo de ir até a Córsega! Vou ser obrigada a voltar ao sul da França de novo! kkkk

  2. LUGARES INTERESSANTES

    Olá, Natalia!
    Parabéns pelo blog! Amo viajar e até comecei a fazer um blog de viagens (viajarecurtir.blogspot.com), mas acabei me enrolando com excesso de trabalho e depois um filho, deixando o blog parado desde 2011.
    Bom, mas estou maravilhada com suas palavras, fotos e lugares que visita. Cada coisa mais linda que a outra!
    Ontem eu prometi a mim mesma que em breve visitarei a região de Provence (um sonho que tenho que realizar!) e comecei a pesquisar sobre o local e me deparei com o seu blog.
    Mais uma vez, parabéns!
    Bom, eu nunca tinha ouvido falar nesta ilha, mas estou apaixonada e quero muito conhecer. Você acha que consigo conciliar a visita à Provence com um passeio por essa ilha? Você recomenda quantos dias?
    Como você chegou a essa ilha? De Ferry Boat saindo de onde?
    E essa casa alugada? Como conseguiu? Vale a pena ou é melhor ficar em hotel?
    Se puder me responder esses detalhes, agradeço imensamente.
    Obrigada, Lívia Alarcão (de Brasília, Brasil).
    livia.alarcao@gmail.com

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