O que fazer em Saint Tropez

postado em: Provença | 1

Que fazer em Saint Tropez? Essa pergunta ecoou na minha cabeça durante muitos anos. Sete anos e meio, pra ser mais exata. Esse foi o tempo que demorei entre desembarcar na França e visitar uma das cidades mais conhecidas da região onde moro. Por que tanta demora? Vários motivos, mas o principal é o mesmo que me faz adiar, por tempo demasiadamente longo, a visita em qualquer lugar dos arredores: a proximidade. O fato de estar sempre ali, disponível para ser visitado a qualquer tempo.

Essa proximidade virtual fez com que demorasse sete anos e meio a visitar Saint-Tropez. Mas também, tudo que ouvia sobre a cidade, dizendo não valer a pena, há lugares mais bonitos, é cara demais, é cheia demais. Isso tudo é parcialmente verdade. Parcialmente porque tem muito da impressão de quem fala. Além disso, a multidão depende muito da época escolhida pra ir à cidade.

O que me levou à Saint-Tropez foi a corrida que aconteceu fora de qualquer temporada de férias. Pude conhecer Saint-Tropez à sombra dos holofotes, quando as baladas se calam, os luxuosos yatchs balançam vazios, ao sabor do vento, ancorados no porto e as praças são ocupadas por assíduos jogadores de petanca, que fazem uma sinfonia com o tilintar das esferas metálicas.

Vale a pena incluir Saint-Tropez no roteiro?

O que passa pela sua cabeça ao escutar “Saint-Tropez”? Um modelo de calça? Brigitte Bardot? Praia? Pink Floyd? Topless? Pra mim, é um pouco de tudo isso. Além de um vinho rosé gostoso que bebi logo que cheguei aqui. Este foi meu primeiro contato concreto com o golfo de Saint-Trop, como é carinhosamente chamada essa charmosa cidade de extremos. E talvez seja um pouco disso que afaste ou faça as pessoas torcerem o nariz pra cidade: luxo exagero, preços altos e muitos turistas.

Foi isso que me desanimou de me aventurar por Saint-Tropez tão logo desembarquei aqui. Não era exatamente luxo e bling bling que eu procurava naquele momento, nem hoje, pra ser sincera. Esses extremos me pareceram menos evidentes do que devem ser durante alta temporada. Claro que ao chegar no porto antigo, me deparei com yatchs imensos e até o preço do refrigerante era abusivo. Mas, uma vez passado esse momento de susto inicial, me descobri numa cidade provençal que guarda aspectos dos tempos em que pescadores animavam o porto com o ir e vir dos seu barquinhos coloridos. E conclui que sim, Saint-Tropez merece a visita, pois passada a euforia da temporada, a cidade reencontra sua autenticidade provençal que encanta.

Que fazer em Saint-Tropez num fim de semana

Passamos um fim de semana em Saint-Tropez no outono de 2017, quando fui participar de uma corrida. Apesar da cidade ficar cerca de uma hora e meia de Aix-en-Provence, preferi dormir por lá. Seria uma boa ocasião pra conhecer com calma, sem a correria de um bate-volta e principalmente, sem me fazer acordar de madrugada antes da corrida pra dirigir até lá. Fomos de carro, com calma, apreciando as cores outonais ganharem as folhas dos vinhedos ao longo do caminho.

O caminho até Saint-Tropez é parcialmente feito pela autoestrada (82km), e os 40km restantes em uma sinuosa estrada que atravessa a bela Planície dos Mouros e passa pelos charmosos vilarejos de La Garde-Freinet e Grimaud, com seu castelo medieval. Depois de inúmeras curvas – que me fizeram lembrar as estradas que percorremos na Córsega – finalmente avistamos o mediterrâneo. Eu tinha uma ideia completamente diferente de como seria essa chegada em Saint-Tropez, não imaginava o relevo que cerca o golfo onde fica cidade e por isso também não imaginava que percorreríamos essa estrada sinuosa.

Informações práticas:

Distância de Aix-en-Provence à Saint-Tropez: 123km

Distância do Aeroporto Marseille Provence à Saint-Tropez: 144km

Distância do Aeroporto de Nice à Saint-Tropez: 105km

Distância da Gare TGV Aix-en-Provence: 133km

Flanar pelas ruas da cidade

A primeira coisa que fizemos foi buscar meu kit de corrida, cuja entrega aconteceu na praça da cidade, onde também seria a chegada da prova. Essa mesma praça, que então estava ocupada por inúmeros jogadores de petanca, foi palco do filme “Le Gendarme de Saint-Tropez“, que deu origem à uma série cinematográfica com seis filmes. Dali fomos conhecer um pouco da cidade, caminhamos pelas ruelas do centro até chegarmos ao porto, onde pudemos ver o belo fim de tarde.

O centro de Saint-Tropez em nada difere dos vilarejos provençais: seus edifícios em tons de ocre, que se sustentam mutuamente numa harmoniosa colagem uns aos outros, tinham suas fachadas ornadas por placas que indicam a presença de boutiques de grifes de luxo: Chanel, Gucci, Roberto Cavalli, Dolce & Gabanna, Louis Vuitton. A boutique da Dior ocupa um casarão magnífico, que tem um belo jardim com altas palmeiras, fácil de identificar. Entre uma e outra grife, pequenas praças são ocupadas por mesas de restaurantes, oferecendo muitas opções para alimentação. Um clássico da gastronomia local é a “tarte tropezienne“, uma deliciosa torta de brioche recheada com creme de baunilha e coberta com açúcar granulado, foi nossa recompensa depois da corrida!

Vale terminar o passeio no porto, onde a melhor atividade é certamente degustar um vinho rosé de frente pro mar.

Europa 1


Visitar a Cidadela e o Museu Marítimo

Esse passeio surpreendeu: minha intenção era apenas retornar à cidadela, por onde tinha passado na manhã pois ficava no percurso da corrida, pra conhecer a construção e apreciar a vista da cidade do alto da colina. Mas quando chegamos lá nos deparamos com o Museu Marítimo, que ocupa o edifício principal e que vale a pena ser visitado. O acervo do museu retraça a história de Saint-Tropez desde sua fundação, e mostra a importância da cidade no golfo. Sua posição estratégica foi importante para navegação e defesa do território, mas também para o desenvolvimento da atividade econômica relacionada à pesca. Esses aspectos são expostos através de um acervo que traz tanto material de pescadores como material de navegação, além de mostrar a evolução e declínio dessa atividade. Além disso, o mirante proporciona um panorama da cidade e do golfo que é simplesmente maravilhoso!

Tarifa: 3€ (gratuito para menores de 12 anos)

Horários de funcionamento:

01/04 a 30/09: 10h às 18h30

01/10 a 31/03: 10h às 17h30

Museu da Polícia e do Cinema

Esta foi uma visita que não fizemos por pura distração. O percurso da corrida também incluia esse ponto que acabou virando um arco turistico da cidade, pois reune dois de seus principais simbooos: o museu esta instalado no edificio onde foram gravadas das cenas do filme “Le Gendarme de Saint-Tropez” e logo na praça onde esta localizado fica a estatua de Brigitte Bardot. A atriz é um grande icone da cidade, talvez à ela se deva a fama internacional que Saint-Trop alcançou. A atriz passou longas temporadas na cidade, onde possui uma casa. Passamos pela praça no caminho de volta pro carro, paramos o tempo de ver a estátua em homenagem à Bardot, e fomos embora sem visitar o museu, que é uma das atrações imperdíveis da cidade. Vantagem de morar perto é ter desculpa pra voltar logo e remediar esse deslize!

Tarifa: 4€ inteira, 2€ tarifa reduzida (12 a 18 anos, estudantes menores de 26 anos

Horários de funcionamento:

De 2 janeiro a 31 março 10h-17h
De 1er abril a 13 julho 10h-18h
De 14 julho a 31 agosto 10h-19h
De 1 setembro a 31 outubro 10h-18h
De 1 novembro a 31 dezembro 10h-17h
Estátua de Brigitte Bardot e Museu do Cinema

Nossa hospedagem em Saint-Tropez

Nos hospedamos numa pousada charmosa, a Chambre d’hôtes Les Amandiers , que fica localizada a pouco menos de 2km do centro da cidade. Foi um achado porque pudemos levar a Luna e contamos com área externa pra desfrutar do tempo livre com Vic e Luna. A pousada tem piscina, mas não pudemos aproveitar porque o mistral soprava com tanta fúria que baixou a temperatura, encerrando nosso verão indiano pouco antes de irmos pro litoral. Nosso quarto tinha uma grande cama de casal e uma de solteiro, além de frigobar e um bom banheiro. Na entrada, uma varandinha cercada por plantas nos garantia privacidade, e foi nela que jantamos nossa pizza pedida no caminhão que fica na propriedade. O pizzaiolo napolitano nos recebeu com um grande sorriso e nossas pizzas ficaram prontas em pouco tempo. Enquanto ele preparava a massa e recheio, Vic brincou no balanço pendurado na árvore e dias mais tarde se lembrou da experiência quando saimos novamente pra comer pizza.

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