Place de la Bastille |
Segunda feira seria nosso terceiro e último dia em Paris. Na programação do dia não estava prevista nenhum despertador de madrugada, nenhuma visita longa ou distante de Paris. Eu tinha previsto pro último dia visitar com minha mãe a Chapelle Notre Dame de la Médaille Miraculeuse enquanto os meninos dormiam um pouco mais, já que a programação coletiva era visitar a Sacré-coeur e subir a torre Eiffel, o que permitia uma sonequinha mais prolongada, já que nosso trem de volta pra Aix estava marcado pra 18h42.
Sacré-coeur de Montmartre |
Acordei meia hora antes do despertador tocar e fui tomar meu banho e me arrumar. Bernardo e Luna continuaram dormindo e nem perceberam quando sai. Fomos pra estação de metrô sem tomar café, o que seria feito pelo caminho, assim que nos deparássemos com um lugar que vendesse croissants e chocolate quente, e não valia o Mc Donald’s. Quando eu montei o roteiro pra Paris já tinha marcado quais as linhas de metrô levariam às atrações escolhidas, e em qual estação descer. O problema é pegar a saída certa da estação e evitar o momento turista perdido: abrir o mapa, identificar o ponto onde estamos perdidos, colocar o mapa na posição certa (mulheres tem problemas sérios com orientação) e saber pra onde se dirigir.
Depois de processada a informação sobre qual direção tomar, caminhamos rumo à igreja, que ficava realmente há poucos metros da estação, mas nos deparamos com uma grande porta de madeira fechada, com um pequeno aviso informando que a igreja ficaria fechada entre os dias 03/01 e 24/01 pra reforma anual… Sai de lá com o coração apertado, menos pela vontade de conhecer a igreja e mais por minha mãe, que queria muito visitar o lugar… Voltamos pro hotel um tanto decepcionadas, e no caminho paramos em um mercado pra comprar o café da manhã da tropa: pains au chocolat, croissants, donuts e sucos.
Tomamos nosso café com calma, preparamos nossas mochilas e nos arrumamos pra sair do hotel e deixar tudo nos armários da estação de Lyon, de onde partiríamos horas mais tarde de volta pra Aix. Da estação seguimos pra Bastilha que, lembrem-se das aulas sobre a revolução francesa, foi derrubada em julho de 1789. Ficamos na praça alguns minutos e depois seguimos em direção à igreja Sacré-coeur, que merece uma paragráfo todo especial…
Localizada na colina de Montmartre, que significa monte do martírio, a construção da basílica foi proposta por dois devotos que consideravam a situação em que a França se encontrava na época, 1870, em plena guerra contra Alemanha, como ums espécie de castigo dos céus e propõem a construção de uma igreja como forma de expiação dos pecados. Em 1872 o arcebispo de Paris aprova o pedido e indica a colina de Montmartre como sítio para a nova igreja. Em 1873 uma lei votada em assembleia nacional destina o terreno à construção da igreja, que foi financiada por doações provenientes de toda a França. Em 1915 a basílica abre suas portas à comunidade é o segundo lugar mais visitado de Paris, perdendo somente pra Catedral Notre Dame.
Pois bem, o monte dos martírios tem seu nome graças ao martírio de Saint Denis, primeiro arcebispo de Paris, no século III, e outros mártires passaram por ali depois dele. O monte não deixou de castigar desde então, por várias razões: é um lugar extremamente fora de mão, e os degraus que nos conduzem à igreja são de uma falta de jeito pra serem vencidos que merecem uma reforma. Pra driblar o martírio dos degraus existe o bonde, mas pra driblar o fato de a igreja ser o lugar mais fora de mão de Paris, tá pra nascer engenheiro competente ou linha nova de metrô. Acho que Versailles ou Château de Chantilly devem ser mais acessíveis que a igreja…
Analisemos a situação do deslocamento à basílica à partir do nosso ponto de origem: place de la Bastille. Considerando que onde estávamos passavam três linhas de metrô, que só existe uma linha de metrô que chega aos pés da colina de Montmartre, a linha 2 (que também nos leva ao Moulin Rouge), e que a linha 2 não fazia parte delas, tivemos de embarcar em uma que teria correspondência com a linha visada, no caso, a linha 1 (linha preferida do Bernardo, já que, segundo ele, atravessa a cidade toda) e teríamos de descer na estação Nation, ponto de partida da linha 2, e descer 13 estações depois… Nesse meio tempo, a gente corre o risco de esquecer pra onde está indo, ou então pegar no sono, mas isso não aconteceu conosco. Quando finalmente chegamos ao nosso destino, ao sairmos da estação, a observação do Guilherme servir como uma luva: « Mas isso parece a entrada no Convento da Penha! », se referindo à quantidade de lojas de souvenirs instaladas nas proximidades da igreja.
Enfrentamos os degraus da subida, que pareciam se multiplicar à medida que subíamos, mas a vista do alto da colina, com céu azul pra embelezar ainda mais o cenário, é recompensadora. Bernardo, como eu, já tinha visitado a igreja e não quis entrar, mas ao contrário dele, eu queria dar mais uma olhada no interior da basílica e tirar algumas fotos (o que não é permitido, mas as pilastras pelo caminho nos dão permissão). A visita foi rápida, como estava previsto, e seguimos pra torre Eiffel, não sem antes enfrentar um longo percurso subterrâneo que incluía correspondências entre linhas de metrô pelo caminho.
Chegamos à torre já sabendo que o topo estava fechado e eu e Bernardo não subiríamos de novo só até o segundo andar. Enquanto minha mãe, meu irmão e meu cunhado apreciavam a vista de Paris da plataforma da torre, Bernardo e eu passeamos com Luna pela Champ de Mars, sentamos em um banco e observamos a paisagem sem pensar em nada, sem dizer nada, quase sem sermos turistas… Quando nos encontramos com eles aos pés da torre, eu estava exausta, mas com sensação de missão cumprida, porque pudemos partilhar momentos mágicos, trágicos e cômicos em Paris… Da torre seguimos à estação de Lyon, onde lanchamos antes de embarcar de volta à Aix. A viagem transcorreu sem maiores problemas e chegamos em casa já nos preparando pra viagem do dia seguinte: Strasbourg, a capital europeia, sede do parlamento e do conselho europeus.
Marta
Nunca subi tanta escada em toda a minha vida !!!
Mas valeu cada degrau e dor nos pés!