Este é mais um livro que ainda não encontrei em português, uma pena. Acho que a tradução pode ser algo do tipo “Eis que você está autorizada a todo homem” (sou péssima em traduções, desculpem), e o livro foi publicado em 2011. Conheci a narrativa de Eliette Abécassis através do romance “Une affaire conjugale”, de 2010 (Um caso conjugal, em tradução livre, também não encontrei o título em português), quando estava começando minhas pesquisas para monografia do segundo ano do mestrado – acabei me baseando em Dom Casmurro e num caso clínico que acompanhei. O livro foi indicado por uma das psicólogas do serviço onde fiz o estágio, e agradeço à ela o feliz encontro com a obra de Abécassis. Li metade do livro no voo Paris-Rio em dezembro passado, pra dar uma ideia da leveza da narrativa, apesar de abordar temas extremamente delicados e tocantes.
Por isso não hesitei em incluir a autora na minha lista de leitura do projeto. Abécassis nasceu em Strasbourg e é formada em filosofia, tendo lecionado na Universidade de Caen. Seu pai, Armand Abécassis, também é professor de filosofia, e estudioso do judaísmo, e é em torno das tradições matrimoniais desta doutrina que se desenrola a trama do romance. A personagem principal se vê numa situação complicada: separada civilmente do marido, mas impossibilitada de assumir um novo relacionamento enquanto ele não a conceder o divórcio religioso. O conflito interno entre o desejo e o respeito à doutrina na qual a personagem foi educada e cujos valores e moral balizaram sua vida são tratados por Abécassis com extrema delicadeza e profundidade, mostrando os compromissos feitos pela mulher para tentar lidar com os paradoxos que lhes são impostos cotidianamente.
Obras da autora disponíveis em português:
– Qumran (edição francesa de 1996)
– O tesouro do templo (2001)
– Clandestino (2003)
O filme “Un heureux événement” (Um acontecimento feliz) foi inspirado no livro homônimo, publicado pela autora em 2005.
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