Viajar com cachorro pra Europa: o dossiê do cão

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Precisando de informações sobre como viajar com cachorro pra Europa? Vem ler minha história! Uma vez, conversando com uma amiga sobre a quantidade de documentos que tivemos de juntar pra constituir inúmeros dossiers pra diversas finalidades, eu disse à ela, quase como forma de consolo: “A vida é um dossier”. Precisamos apresentar tantos papeis que comprovem nosso nascimento, casamento, escolaridade, nacionalidade que pode chegar a hora em que, na ausência de algum desses documentos, duvidaremos nós mesmos da nossa própria existência, já que o papel pra comprovar não cumpriu sua função. Sorte dos animais que não fazem este tipo de questionamento, mas nem por isso são dispensados das mesmas formalidades, às vezes um tanto exageradas, mas um tanto necessárias.

Antes de vir pra cá tive de fazer duas escolhas difíceis: a primeira foi escolher vir, a segunda, vir sem meus cachorros. Tenho um akita, Yoshi, e uma yorkshire, Luna, um cachorro grande e uma pequena. O grande não teria jeito, já tinha me convencido de que não teria como trazê-lo pra morar num apartamento pequeno, mas a pequena viria depois, quando tivéssemos escolhido onde morar, tendo certeza de que animais seriam aceitos. E a preparação pra viagem da Luna começou antes mesmo da preparação da minha mala pra mudança.

Para sair do Brasil

O processo que vou descrever é pra exportação/importação de animal de companhia entre Brasil e França, mas no site do ministério da agricultura tem a explicação detalhada pra cada país. Tudo começou com a implantação do microchip, que foi feita na região do pescoço. Depois disso, e na mesma consulta, retirada de sangue pra fazer exame de sorologia anti-rábica, no Instituto Pasteur em São Paulo. Antes de levar o animal para fazer este exame, verifique se a vacina anti-rábica está em dia. Se falta um mês pra completar um ano de vacinação, não faça o exame, a contagem pode dar inferior à exigida, e foi o que aconteceu com a Luna. Tive de repetir o exame, que é caro, mas uma vez feito e a vacinação mantida em dia, não precisa ser repetido.
Depois da primeira etapa de implantação de microchip + exame de sorologia anti-rábica vem a parte que deve ser feita no máximo 10 dias antes da viagem: consulta veterinária pra emissão do atestado de saúde e consulta no ministério da agricultura do aeroporto de origem do voo (no caso da Luna, o ministério da agricultura do aeroporto Tancredo Neves). No site do ministério tem um modelo de atestado, mas o que deve constar são as informações do animal e proprietário, e uma declaração do veterinário afirmando que o animal foi examinado e encontra-se em boa saúde e está apto à viajar. Em posse desse atestado, do resultado do exame sorológico e da carteira de vacina do animal (onde consta também o número do microchip), é hora de ir ao aeroporto levar o animal pra ser visto pelo agente responsável (eles mesmos preferem marcar essa visita de dois a três dias antes do voo), que então vai emitir o Certificado Veterinário Internacional, (CVI) que é o documento que deve ser apresentado na fronteira atestando que o seu animal está transitando regularmente.

 Viajar pra Europa com cachorro

Chegamos na França e não tivemos nenhum problema na fronteira, basta apresentar os documentos no controle de Bens a declarar. Tão logo chegou, Luna foi o primeiro membro da família a possuir um passaporte europeu. Para transitar na União Europeia, mesmo de carro, os animais devem ter um passaporte que contenha todas as suas informações, inclusive as datas das vacinas e das consultas veterinárias. Além do passaporte (que é obrigatório na França desde janeiro de 2012 e custou 6€) e por segurança também, registrei a Luna na Société Centrale Canine (preço do registro: 9,50€), e graças ao microchip ela pode ser encontrada caso resolva sumir por aí (o que espero não acontecer!).
Importante: escolhi companhias aéreas que aceitam transportar animais em cabine (por causa do tamanho e peso a Luna pode ir com a gente, mas deve ficar dentro da caixa de transporte durante todo o voo, e esta é colocada embaixo da poltrona à nossa frente), e a reserva do animal na cabine deve ser feita com o máximo de antecedência, porque existe um limite por voo. Animais grandes viajam no porão.

Entrar no Brasil com animal de estimação

Voltamos ao Brasil com Luna por duas vezes, e o processo é semelhante: ela deve ser examinada por um veterinário, que emite um certificado de saúde. De posse desse certificado, é necessário ir ao Serviço Veterinário do departamento de residência, onde um veterinário oficial emite o certificado de viagem específico para o Brasil. No meu caso, precisei agendar, no máximo dez dias antes do voo, e o veterinário tinha o modelo do certificado exigido pelo Brasil, redigido em francês e português. Ao desembarcar no Brasil passamos pelo “Bens a declarar”, a veterinária em expediente confere a documentação (passaporte e certificado de viagem) e emite um documento para entrada do animal, que deve ser apresentado nos voos seguintes (caso haja conexões). Não demorou nem cinco minutos pra termos o documento da Luna emitido no desembarque internacional.

 

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